À Partida

Margarida Beregovoy

Sozinha e em silêncio, deitada mas acordada, sem sono mas cansada, eis que se sentia aliviada por estar consigo mesma. A paz interior era sempre certa mas por vezes não estava propriamente à superfície, tinha de rebuscá-la. E ali, no seu novo lar, tentando decifrar do que aquelas paredes já tinham sido espetadoras, encontrava-se na almofada da tranquilidade. (…)

Deram por elas de mãos dadas, o pescoço descaído para trás, a contemplar pasmadas o teto da Capela Sistina. Aquela elaboração tinha de ser motivo de prolongada observação, interpretação e análise. Doesse por onde doesse, o pescoço que aguentasse. Tudo tinha a sua simbologia, tudo fora feito com o rigor de deixar as marcas de uma época com as suas particularidades ideológicas, religiosas e sociais. (…)

Gostava tanto de viver longe de casa, com amigos e perto do Adriático, que não sabia se queria voltar para Portugal. De súbito, tendiam a manifestar-se uns flashs de saudade - do espaço, do abraço, do sol e do mar. (…)

Deixou-se balançar, leve, natural mas com uma vaidade implícita na colocação de um pé em frente ao outro, enquanto caminhava pelo Corso Itália. Chegou à praça com mais vida de Trieste e deparou-se logo com aquele à-vontade sensual de nome Lourenço. (…)

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