Anjos da Noite
“O meu corpo nunca foi meu, o meu espírito sempre foi desta Terra sedenta de se ver livre dos seus demónios. Eu sou a onda que vai limpar este mundo, o fogo que vai queimar tudo de negro, o ar e a terra nova que trarão a frescura, o trovão que iluminará de novo o céu, a neve branca que irá cair depois de o meu espírito substituir todas as artérias e veias desta Terra corrompida. Saber que a vida nunca foi verdadeiramente minha é um pensamento estrangulador. E fazer o que vou fazer agora é a única coisa que está realmente no meu poder. A única coisa que eu quero realmente fazer.
Gostava de acreditar que vou sair disto ilesa. Contudo, sei que nem nos meus mais selvagens sonhos isso vai acontecer. E se, por algum incrível acaso, eu sair viva deste pesadelo, jamais tornarei a estar inteira. Vou ser só feridas profundas e dores indescritíveis gravadas nos confins de mim própria. Pensando melhor, não quero sair daqui viva. Viver depois disto vai ser pior do que tudo o que me vai acontecer agora.”