As Searas são Vermelhas

Maria Alcina Adriano

O Campanário

No Adro da Igreja
O campanário altaneiro
Contempla a paisagem
E vigia o casario
- Algum, em perfeito abandono -,
Da freguesia de Vale Verde.
Uns dias treme de frio,
Outros é assolado pelo calor.
Vê passar a sua gente
Para a Igreja branca e singela
Com paredes de granito escondido.
Deslumbra-se e o sino toca,
Toca a repicar,
Durante o toco de Natal
Ou numa procissão.
Toca ufano e glorioso
As entradas para a missa
E sorri, sem diferenciar ninguém.
Solta o seu estridente gemido
E toca a finados
Quando os seus habitantes
Passam deitados
No seu último sono,
Para a derradeira viagem.
Toca a rebate, com dor,
Para o povo acudir alguém,
Em momentos de aflição.
É tão versátil e portentoso
Na sua imponente escadaria,
Que todos a desejam subir
Nem que seja apenas um dia.
Começa a gargalhar
De pura vaidade e emoção
Quando, com sobranceria
Mas, com muita graça,
Acolhe o visitante que ali passa,
Olha para o Pelourinho
Muito mais baixinho,
Que se ergue a seu lado
Ou mira o jardim, sempre verde,
Que não tem tão ilustre passado.

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