Baladas de Berlim
Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes
Não vem de mim.
Vem duma fonte
No cimo do monte.
Do meio das fragas.
Lá bem em cima,
Lá bem no alto.
Onde reina o sol.
Que a abastece.
Sem que eu mereça.
Vem porque vem.
Tal qual brota da terra.
Semente sem cor.
Força imortal.
O caminho é d’Ele.
Por mais tormenta que faça,
É só vento que passa.
Abre o caminho e limpa o chão...
Quando se atinge a situação de reformado, depois duma carreira de trabalho de que se não gostou, mas teve de ser, entra-se num mundo de liberdade e disponibilidade tal que até pode dar para escrever.
Sobre si, do passado e do presente e o que se sente sobre tudo o que nos rodeia.
Como quem regista só ou se deleita com o prazer da escrita.
Ainda mais, quando esse pendor esteve apagado à espera da hora certa de ser exercido.