Diários dos que ninguém quer
Carlos Filipe
Quantas histórias cabem em cinco anos abraçando animais de abrigos e canis? Quantas vezes consegue o coração partir com os relatos de animais que tiveram o azar de nascer no sítio errado ou ir parar às mãos de quem não os mereciam?
Todos eles possuem uma história. Todos eles têm uma voz. Apenas precisam de alguém que os escute. O cão que foi abandonado porque ficou doente, o gato que deixou de ser bonito porque a doença o abraçou, os bebés que nascem sem pedir e as mães que os perdem sem poder dizer adeus, os velhos que terminam as suas vidas num chão frio quando mereciam o conforto como agradecimento por uma vida de dedicação. São histórias deles. São uma responsabilidade de todos. São relatos de tristeza, solidão, violência, que se juntam num molho de folhas inundadas de lágrimas para uma viagem que não é bonita, mas é necessária.
Estes são os diários que eu tive de ler. Estes são os diários que todos devem ler. São os diários dos que ninguém quer.