Do conflito ao amor
António Pedro Martins
Agora é a hora. A mudança já começou e sentimo-nos perdidos. Nunca tivemos tanto poder e tão pouca força. O que nos falta? Tomar a decisão drástica de dar um passo em direção a nós próprios e outro passo em direção ao outro, de braços estendidos e mãos abertas, sabendo que há um eixo vertical ao centro, cuja gravidade gera uma força centrípeta que tudo acolhe. E esta decisão é drástica porque representa um movimento oposto àquele que temos vindo a fazer, para fora, em direção ao outro, mas com os punhos cerrados.
Não precisas de esperar que a noite chegue e as pupilas dos teus olhos se abram numa vã esperança de que outra luz te aconchegue. Cuida-te. Se ela chegar, não tenhas medo de rasgar as sombras e os remoinhos e toda a sorte de silêncios vazios que queiram manchar a tua leveza original, porque sabes bem que essa gruta, onde tens tanto medo de entrar, é a que guarda o teu tesouro.