Imaginação da Memória

António Lopes Dias

A obra de um autor é isto – sempre igual a si mesma e sempre nova e capaz de surpreender e agarrar o leitor.

A temática do tempo é agora mais marcada pelo motivo do envelhecimento. 

A angústia daí decorrente, presente em múltiplos poemas, atinge o seu clímax na paráfrase de A Metamorfose de Kafka (p. 109) com uma força tão devastadora e uma tal expressão da impotência humana perante a sua própria destruição que só esse texto já justificava o livro.

E no entanto… A pulsão de vida é também muito forte neste livro. Seja o carinho com que fala das crianças, da sua alegria e imaginação (o carro de arame que é um Toyota) ou a revolta perante o seu inqualificável sofrimento em Gaza.

 O deslumbre perante a beleza das jovens africanas ou a partilha emocional da sua pobreza. 

O prazer da música que sabemos de cor, mas que não nos cansamos de ouvir. 

A presença dos livros que lemos e continuam a alimentar o nosso pensamento. 

A presentificação dos amigos distantes ou a homenagem cívica aos que, de várias formas, ousaram combater. 

A celebração de Abril e a revolta pelo sonho insatisfeito.

Mas não se trata apenas de passado. 

O acto de intervenção situa-se relevantemente na actualidade, na força dos poemas sobre a guerra contra a Palestina.

Há vida neste livro. 

E há alegria neste livro, pois é bem vivo o prazer da escrita. 

A alegria possível, como nas flores da capa, encimadas de espinhos.

Manuela Cabral

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