O Adeus a uma Mãe - Autobiografia
Miguel Santana
Nem tudo eram tragédias. Guardo, na memória, algumas alegrias e momentos engraçados, principalmente com os meus irmãos. Costumava comer figos, no cimo daárvore. Lídia acompanhava-me num galho e Josénoutro. AL. ficavano chão, a apanhar os figos menos doces e colocando-os na aboada da saia.
– Porquêa AL. não sobe a figueira? – perguntei, de boca cheia.
– Épara que vocês não lhe vigiem as calças – respondeu Lídia, pronta a levar um figoàboca.
Exclamei um valente ah!
– Se não sabias, ficas sabendo – concluiu José.
Era possível ouvir os intestinos de Lídia a urrar. Os figos tinham dessas coisas. O queébom nem sempre faz bem. A minha irmãacomodou-se em cima daárvore e ajeitou a saia. Estava de diarreia e nem a nossa presença a impedia. Acertou em cheio na cabeça de AL.. Demos, os três, uma valente gargalhada.