O Costela de Ferro

Zé Russo

Quem está lá fora à tua espera? É o meu amigo Costela de Ferro. Ai é!...Olha lá!... Eu não gosto nem quero, que  acompanhes com esse rapaz.

Então porquê Mãe? Não tem Pai nem Mãe.

É um cão sem dono.

Mas minha Mãe, que culpa tem de ser órfão?

A sua barriga já protestava com fome, há muitas horas que comera uma sopinha de caldo verde. Foi a sua ceia de Natal.

Desembarquei e andei à cata de trabalho, no cais, pedi trabalho mas não me deram, e zangaram-se comigo. Você deve é estar doido varrido homem!...Descargas é serviço de negros.

O padre tinha gravado na sua maneira de ser de estar e de falar, um jeito humilde de quem nasceu pobre. Aquela que se sente, e se apanha e não se aprende, e nos marca pela vida fora até à morte.

Quando vi o ladrão Belchior vestido de São José, de bordão na mão ao lado da sua mulher, vestida de Nossa Senhora e o seu filho de Menino Jesus, fiquei bastante emocionada.

Alentejo és meu irmão

Estou sempre contigo

Foste o celeiro da Nação

Ceifavas espigas de trigo

Em tempos que já lá vão

 

Terra de grandes barrigas

Terra de lindas planícies

Terra de enormes poetas

Terra de gentes humildes

Terra de poucos doutores

 

Terra dura como torrões

Terra regada com suor

Terra dos ventos suãos

Terra dos meus fulgores

Terra que beijo o chão

Zé Russo

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