O perfume das flores
Carlos Alberto Santos
“A noite cerrada não permitia ver bem o que a rodeava, mas isso não a assutou. A adrenalina era mais forte que o medo e Salvador esperava-a ao pé do piano, tal como tinham combinado algumas horas antes. (…)
Correu até à pequena floresta, orientando-se pela luz ténue da Lua e das estrelas que lhe mostravam o caminho. O seu peito subia e descia, arquejando a cada passo. Distinguiu silhuetas altas, em contraste com a planura da estepe. Era assim a pampa, lisa como uma pedra polida até ao horizonte, curvando ligeiramente em alguns vales como a silhueta de uma mulher. Algures no meio daquelas árvores estaria um piano e Salvador tocava, aguardando a sua chegada.”