O Rio das Memórias
Teresa Moura Ferreira
Numa manhã de dezembro, João é hospitalizado depois de lhe ser diagnosticado um carcinoma. Durante o longo internamento, é visitado todas as tardes por fantasmas do passado que fazem emergir memórias longínquas. Confrontado com a sua própria mortalidade, decide então escrevê-las, numa tentativa desesperada de se agarrar à vida.
Ao longo da narrativa, relatada na primeira pessoa, recuamos à primeira metade do século XX, e acompanhamos o narrador numa viagem durante a qual nos conta as suas vivências pessoais e as daqueles que fizeram parte da sua vida, tendo como cenário um Portugal pobre e ensombrado pela ditadura e exangue pela Segunda Guerra Mundial.
Umas vezes com ternura, outras com mágoa, o narrador fala-nos da sua infância marcada pela pobreza, de um pai violento e alcoólico, de uma mãe piedosa e submissa, de um amor de infância, e de uma madrinha extremosa que tem um namorado revolucionário que é preso pela polícia política. Num registo íntimo, partilha connosco as suas emoções e os seus sentimentos mais profundos que resvalam entre a dor e a alegria, o amor e o ódio, a revolta e a resignação.