Olhos de Giz
Beatriz Brandão
Onde me termino em palavra?
Essa é a pergunta que permanece em Aurora quando descobre que não é mais a dona de suas ideias, quando a maternidade de sua criação e a possibilidade de nomear sua expressão lhes são furtadas.
Como reconhecer o trauma quando não se tem a clareza dele?
Após ter seus escritos roubados por seu companheiro de vida, Aurora persegue os limites da autoria ao reencontrar a sua história. Agora é permitido enxergar o caminho sutil que culmina na violação intelectual e no questionamento sobre de quem eram as suas ideias.
A palavra é o cerne cênico das travessias entre o casal da trama que mostra qual unidade verbal aponta para a quebra do pacto. A condução narrativa de “Olhos de Giz” se dá por meio da descoberta da apropriação intelectual, a qual rouba mais do que linguagem e voz, rouba a perspectiva de pessoa.
A quem pertence a palavra?