Para ouvir Sylvia Telles
Gabriel Gonzaga
A cantora Sylvia Telles tem vida e obra desvendadas em sua primeira biografia, revelando-a dona de talento e comportamento a frente de seu tempo, símbolo de uma época e criadora de um estilo que permanece vivo e atual.
Durante 10 anos, o músico e pesquisador Gabriel Gonzaga mergulhou fundo em sua história; colecionou mais de 2500 recortes, reportagens, 200 fotos e cerca de 50 entrevistas que ajudam a contar os detalhes de uma vida intensa.
“Ela era apaixonante, e eu, apaixonado por ela”, relembra João Gilberto em depoimento. Sylvia Telles e Tom Jobim conheceram juntos o sucesso, Sylvia lançou 15 canções do maestro, definindo o sentido exato de sua interpretação. Para Roberto Menescal e Carlos Lyra, de presente o primeiro trabalho e a estreia em disco. Maria Bethânia e Caetano Veloso relembram um momento inesquecível no palco, a força de seu repertório e o preço que Sylvia pagou por sua ousadia. Marcos Valle e Edu Lobo falam que seu aval foi decisivo.
O livro retrata também o Rio dos anos dourados, capital federal, da Bossa Nova e do princípio da televisão. Vivia-se então o golpe militar, o luxo na zona sul e a festa para o Quarto Centenário. Num momento de grandes transformações culturais e comportamentais, Sylvia ocupou um lugar de vanguarda; independente, autônoma, criativa e liberal. Muitos falam de sua generosidade e bom humor, alguns sobre crises de ciúme, além de deliciosas histórias ao lado dos melhores músicos, arranjadores, compositores e intérpretes da nossa música.
Sylvia teve sua carreira interrompida no auge, precocemente falecida aos 31 anos, em 1966. Acabara de lançar seu segundo LP nos Estados Unidos e voltar