Pessoa e Deus

João Cruz

«Apesar das influências familiares e culturais católicas e do recorrente uso de simbolismos e do imaginário cristãos, que provinha sobretudo da tradição nacional apostólica romana, marcada pelo cinismo e pelo desencanto  anti-clerical, bem como de uma apetência pelo chamado neo-paganismo, a espiritualidade pessoana coloca-se fora da esfera de qualquer cânone religioso tradicional - o poeta tinha-se, a certa altura da sua vida, como “Cristão gnóstico e portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma” - mas, precisamente por isso, por essa espiritualidade aberta, que a torna singular, vale a pena uma pequena incursão por alguns dos seus escritos poéticos que de uma forma ou de outra abordam Deus ou o universo místico-religioso. 

(...)

O Deus deste título, convém então sublinhar, não é o Criador da tradição judaico-cristã – imagem de que o autor se foi distanciando com a idade (os primeiros poemas juvenis ainda contêm muito desse imaginário, sobretudo relacionado com o Catolicismo popular). É antes um símbolo, um arquétipo. Poderia perfeitamente ser “Pessoa e os Deuses”, mas Deus aqui assume o papel de um estado de consciência espiritual a que os homens atribuem 

múltiplos nomes. E o Deus deste livro é o nome agregador de todos esses nomes. Deus é o universo do religioso e do místico, a representação última da irreprimível (re)ligação humana ao mistério. Ao divino.»

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