Sobre o Tempo Que Passa
José Adelino Maltez
Estes escritos se, por um lado, são marcados por quem, dentro da pátria vai vivendo em pleno exílio, foram também impulsionados pelo activismo da revolta política e social. Sofrem das excessos de lirismo daqueles que, não tendo perdido o sonho, sentem o corpo sitiado pelas realidades do que já não há. Preciso de intimidade, de um qualquer cantinho para escrever. Porque os escritos íntimos publicáveis só podem existir quando, entre escrevê-los e publicá-los medeia o simples tempo de um clique que os lance mundo fora. Esta forma de comunicação quase imediatista está ligada ao arquivo do eterno que cada um guarda dentro de si. Sem imaginação não há efectiva razão.