aurelianos

Jorge Branquinho Pais

Tinha passado a vida a preparar-se para viver; com hiatos enormes, como buracos negros, onde em tudo o que fazia não encontrava sentido algum.

Cada vez mais convencido de que a realidade, onde tudo se passa, era apenas uma metáfora. Palco aonde a vida se interpreta, sem se levar muito a sério.

Nas curvas de Penacova, a neblina fresca do Mondego apanhou-os desprevenidos. Helena, cheia de frio, apertava-se contra o seu corpo, como se nele quisesse entrar; ele, de olhos a lacrimejar e as mãos enregeladas, acelerava. Iam felizes, como todos os inconscientes. A mota, que gastava tanto de óleo como gasolina, foi largando uma fumarada vaidosa a mostrar que a vida sem loucura é desatino.

Amor havia; mas cada vez mais exaurido, a sumir-se num labirinto de circunstâncias que vieram implacáveis, como granizo de maio.

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