Em Busca das Origens
Tereza Xavier Coito
– Uma biografia?
– Sim, fui adoptada e quero dar a conhecer a minha
história.
– Quando decidiu sobre o livro?
– Há cerca de um mês, em Vilanculos (Moçambique).
– Voltei em trabalho passados 18 anos e senti-me uma
estranha na minha própria terra.
– Como foi a adopção?
– Fui adoptada em 1995 por família Portuguesa a viver
na província de Nacala.
– Na altura tinha 11 anos e só falava macua. O meu pai
tinha falecido, a minha mãe com ajuda do meu irmão mais
velho, cuidavam de mim.
– No início foi complicado, eu não falava Português.
– De repente fiquei com quatro irmãos de 3, 7, 14 e 17.
Todos rapazes.
– Depois fui-me integrando, fui muito bem recebida.
– Quero compreender melhor a minha infância, quem
decidiu porque seria adoptada e os benefícios da
minha mudança para a nova família. Este livro é uma necessidade,
há certas coisas que não se podem verbalizar...
há que escrevê-las. Tenho investigado muito, de certa
forma é também uma homenagem à minha terra. Identicamente
dedico a este livro, a todas as crianças que não
conseguem ser adoptadas.
– Porém, este livro foi de certa forma para alertar
aqueles que querem iniciar um processo de adaptação:
– Há que reflectir, que não basta que a criança seja perfeita
fisicamente, que não é apenas uma criança, mas sim,
um ser humano.
