O cais do desconcerto
Daniel Malhadas
Por entre trovões dissidentes e uma intensa chuva lamacenta erguem-se bem alto as muralhas de uma cidade como nenhuma outra. Alimentada pela gasolina que pinta um quadro surreal de situações e personagens extremas que jamais existiriam no nosso quotidiano, a cidade descreve um mundo de injustiça selvagem e violenta. Palco de uma jornada decadente e sem fim, na qual, todos os habitantes são peça fulcral para enfrentar a sua tirania. Ao explorar as ruas soturnas e melancólicas, nada sobra senão uma visão profundamente desconcertante de personagens que se caraterizam como amantes obsessivos da própria cidade, uma entidade personificada na vontade e ambição excessivas dos moradores a quem deu vida.
Que loucura terá sido capaz de moldar o mundo surreal de forma a dar vida a esta cidade indescritível? Serão os amantes da cidade opressora, com o intuito de ultrapassar essa fortaleza impenetrável, capazes de fazer frente a um encadeamento de desafios cada vez mais extremos e absurdos? E, mais que tudo, quem é a entidade soberba que se senta ao comando deste eterno cais de desconcerto...?