Queria falar do deserto dos dias apressados

Dyl Pires

A rebelião da poesia, nos ensina Cintio Vitier, não consiste em instaurar o novo nas palavras, mas recuperar nelas as camadas de sentido que o uso cotidiano nos fez esquecer ou a vida jamais nos permitiu explorar. O olho tem sido a palavra dileta de Dyl Pires. O lugar com que o poeta tece verso a verso a relação entre o tempo, o afeto e a memória, por entre paisagens insuspeitas e fragilidades veladas na imponência arrogante da metrópole. O registro de um deslocamento pendular entre a saudade e a solidão, o ir e o vir, partidas e chegadas, que ao se tornarem imagens revelam que muito do que procuramos dentro de nós sempre esteve bem à vista, mas do lado de fora, nos degraus de uma escada rolante, na avenida que é um enorme rato branco, no leito morto de um rio, nas feições míticas de uma máscara de Cazumbá. Com efeito, neste livro, “o olho se organiza para ser uma lua inóspita no caos sonoro da ausência”.

Matheus Gato, sociólogo

 

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