Duas esmeraldas no oriente
Ana Rita Ferreira
‘’A dor no meu corpo expandia-se, cedendo ao medo que flutuava à minha volta, amplificando-se, como se fosse um miasma venenoso. Segurava com força no punhal. O sangue finalmente estancara. Na minha visão periférica, um brilho metálico reluziu, tocando na minha pele. A pele contraiu-se, deixando um fio quente e espesso a escorrer pelo pescoço. Não me mexi. Tudo parou à minha volta, caindo num silêncio que jurei que só se ouvia o bater de dois corações, um pequeno e nervoso, outro ao som de um compasso, calmo e lento. As tábuas rangiam, assim que eram pisadas, mesmo que ao de leve. A lâmina não se mexeu. Ergui o olhar e cruzei-me com um olhar negro e ausente de calor.’’